Estatísticas de acidentes do trabalho registrados pelo INSS indicam que os olhos ocupam a oitava posição na escala dos órgãos mais atingidos, representando um índice de 3% do total de danos sofridos pelo trabalhador. Relatório com notificações feitas de 2012 a 2022, revela que este percentual representa um somatório de 166.310 lesões no período (10 anos)!  

O percentual pode parecer pequeno mas, traduzido em números, torna-se uma grande preocupação. Em 2022, um total de 1.280 trabalhadores brasileiros, quase todos da construção civil, foram afastados por algum tipo de problema nos olhos. Sofreram acidentes produzidos por fagulhas, metal, madeira, cimento, poeira e produtos químicos, como o desmoldador, entre outros causadores.

O detalhe mais alarmante é que quase todos os acidentados não estavam usando os óculos de proteção, que é obrigatório e faz parte do EPI. E mais impressionante ainda é saber que nove em cada dez acidentes registrados pelo INSS poderiam ser evitados se o trabalhador estivesse usando os óculos!

De acordo com o relatório do Instituto, de um total de 612.900 acidentes verificados naqueles 10 anos, as partes mais atingidas foram: dedos – 24%; pé (exceto dedos) – 8%; mãos (exceto punho ou dedos) – 7%; joelhos – 5%; partes múltiplas – 4%; pernas – 4%; e olhos – 3%.

Nara chama a atenção para o risco oferecido pelas folgas gerada em torno dos óculos – Fotos MV / Rafael Miller

 

Guardados na mochila ou presos no capacete

 Estas estatísticas são lembradas pela técnica de segurança Nara Ribeiro toda vez em que ela ministra um DDS (Diálogo Diário de Segurança) nos canteiros de obras da Machado Vieira Engenharia. No empreendimento Everest, da SIG Engenharia, na Rua Prudente de Morais, em Ipanema, falando para pouco mais de uma dezena de colaboradores da MV, Nara se concentrou na importância do uso dos óculos de proteção.

– Nas visitas às obras, vistoriamos sempre o uso correto dos itens do EPI. Mas, os óculos, infelizmente, estão entre os mais esquecidos. Pergunto: Cadê os óculos? O funcionário responde: Tá guardado na mochila. Ou então: – Tá aqui, ó! – e me mostra os óculos já com as hastes esgarçadas, presos sobre o capacete – comenta.

A técnica é obrigada a interromper a vistoria a fim de explicar os riscos que estão sendo desprezados pelo colaborador. Comenta que a empresa depende do trabalho dele, que a família também depende do trabalho de seu provedor, mas que o colaborador também depende da empresa para sobreviver e sustentar a sua família. Um acidente provocado por uma besteirinha pode desmontar todo o sistema.

A técnica ensina que o risco pode parecer muito pequeno mas gera grandes prejuízos, para o trabalhador, principlmente

Em casos como este, o colaborador é advertido e esclarecido; se reincidente, seu nome é encaminhado ao encarregado para penalidades em futuras avaliações. Leva um cartão amarelo. De “atenção”!

Nara esclarece que o mau uso dos óculos, presos no capacete ou na nuca, esgarça a haste, gerando uma abertura nas laterais, em baixo ou em cima, por onde podem passar resíduos fatais – os ciscos capazes de mandar um gigante para o hospital e deixá-lo no estaleiro por vários dias.

O gerente Financeiro Paulo Sérgio Ventura afirma que todos os itens de EPI comprados pela Machado Vieira são de primeira qualidade, um investimento para que a Empresa alcance a sua meta mais cobiçada: a de zero acidentes. Mas, para que isso ocorra, é necessário que todos colaborem, usando os itens do EPI.

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Atenção total para o trabalho em altura

 Se existe uma dúvida no canteiro de obras, não se aperte: Chama o Zé!