Projeto Cosme e Damião ganha gestor para esclarecer dúvidas de trabalho a aprendizes e instrutores também

José Francisco de Macedo, 46 anos, sempre foi um profissional muito concentrado nas suas atividades. Era apenas um carpinteiro entre centenas que diariamente trabalham nos canteiros de obras da Machado Vieira Engenharia. Mas o talento, o capricho, o empenho, a boa-vontade, o companheirismo e a repulsa ao retrabalho acabaram fazendo com que o Zé, como é carinhosamente chamado pelos colegas, se destacasse dos demais. E foram os próprios companheiros que o indicaram para ser o gestor do Projeto Cosme e Damião.

Nasceu em Campina Grande, Paraíba, é filho de pais analfabetos e estudou apenas até o quarto ano do ensino fundamental. Veio para o Rio de Janeiro aos 16 anos e trouxe na bagagem, além de algumas roupas, documentos e a escova de dentes, muita garra para vencer. Trabalha há 20 anos na construção civil, sendo que, há dois anos e oito meses, na Machado Vieira, como carpinteiro.

É casado com Danúbia Macedo, bacharel em Direito. O casal tem dois filhos: David, 16 anos, e Raquel, 11. Os dois estudam em escola particular. A família reside em Coelho Neto, próximo à Fazenda Botafogo.

Sempre sorridente e amigável, o Zé trabalha pelo sucesso dos companheiros – Fotos MV/ Rafael Miller

 

Zé tem fascínio pelo conhecimento. Em casa, está sempre lendo. Sejam trechos da bíblia, romances e até mesmo os livros didáticos que seus filhos adotam no colégio. Fora, aproveita o tempo vago para ler os noticiários da web. É um leitor assíduo das matérias publicadas no site e nas mídias sociais do MV e Você, compartilhando-as. De quando em quando, o gestor envia contribuições para a redação, com fotos e vídeos de colegas participando das palestras do Projeto. Recentemente deu a sugestão para a produção de um documentário, com base numa reportagem que assistiu, de uma TV da Coréia do Norte.

– Nas escolas, eles passam vídeos para as crianças, mostrando o que os pais fazem na vida profissional. Acho que seria um grande incentivo para os nossos filhos verem o trabalho que fazemos num canteiro de obras – comenta.

Entre falantes e caladões, o Zé conversa com todos: O sucesso depende do esforço e do talento de cada um

 

Pensou bastante antes de aceitar

Quando recebeu o convite do gerente financeiro Paulo Sérgio Ventura para ser o gestor do Projeto Cosme e Damião, Zé o surpreendeu ao pedir um prazo de três dias para dar a resposta. “Você ainda vai pensar? Estou convidando você para sair do canteiro e ir para o campo, percorrer as obras, mantendo contato direto com os seus colegas” – argumentou o gerente. Zé se manteve firme: “Preciso pensar. Tudo o que faço, gosto de fazer bem-feito” – foi a sua resposta. Três dias depois, Zé telefonou ao superior aceitando o desafio: “Estou pronto.” Foi apresentado na manhã seguinte, na cerimônia de formatura dos primeiros carpinteiros capacitados pelo Projeto. 

Uma das leituras obrigatórias do Zé é a Bíblia. É ali que exercita a sabedoria 

 

Desde então Zé tem percorrido todas as obras da MV, conversando com aprendizes e instrutores do Projeto Cosme e Damião. Mantém atenção permanente quanto ao uso de itens do EPI (Equipamento de Proteção Individual) e do uniforme diferenciado, confeccionado exclusivamente para os participantes do Projeto. Os que não estiverem fazendo o uso adequado de uns ou de outro perdem pontos na avaliação periódica, que permitirá ou não, o avanço para o módulo seguinte. 

– Mas as recomendações não são apenas para os aprendizes. São para os instrutores também. Se derem o exemplo errado, os serventes farão errado também – explica.

Comunicativo, quando visita uma obra, Zé procura conversar com todos os colegas, dos mais falantes aos caladões. 

– Busco uma forma de trocar ideias, saber o que pensam, entender o que desejam. Explico sobre as diretrizes do Projeto Cosme e Damião, como é que funciona, da forma mais transparente e democrática possível. Avança quem tem valor, quem se dedica, quem tem talento e é esforçado. Digo a eles: quem faz o futuro é você mesmo. Hoje, você é apenas um servente, mas daqui a algum tempo você pode ser um mestre. Depende apenas de você, pois espaço a Empresa oferece. 

Até os mais tímidos ganharam confiança e entenderam que perguntar não ofende. E é por isso que, quando alguém no canteiro tem uma dúvida, o colega aconselha: “Chame o Zé!”

 

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