Nossa viagem pelos Brasis que povoam os canteiros de obras da Machado Vieira Engenharia começa em Buriti Bravo, cidade de 23 mil habitantes situada no interior do Maranhão, a 500 km da capital, São Luís. O nome foi dado pelos desbravadores, que tiveram de derrubar muitas palmeiras (buriti) para instalar o povoado, há quase um século.

É de lá que vem o carpinteiro Francisco Alves de Oliveira Gomes, 41 anos, filho caçula de uma família de nove irmãos. A habilidade com o trabalho na madeira herdou do pai, o carpina (carpinteiro) Francisco Alves de Oliveira, que fabricava móveis e utensílios. A mãe, Sopriana Dias Carneiro, é falecida.

Foi capinando nas roças de Buriti Bravo que Francisco começou a alimentar os seus três sonhos. Por mais houvesse esperança de dias melhores, o trabalho era escasso e sempre o mesmo: roçar o capinzal das fazendas por uma diária de R$ 10. “Era muito pouco, não dava para comprar o leite das crianças” – lembra Francisco, que há 21 anos se casou com Cleane Pereira da Silva, cuja família também é de Buriti. “Casamos no juiz, pois nem igreja havia ali perto” – comenta o carpinteiro.

Filho de um carpina e com nome de cantor, Francisco Alves veio para o Rio em busca de seus três sonhos – Fotos MV

Não tinha geladeira

A energia elétrica chegou pouco tempo depois. Um dia, Francisco recebeu a visita do primo João, que regressara do Rio de Janeiro com algum dinheiro no bolso. “João ficou espantado quando viu que em nossa casa não havia nem geladeira. Já acostumado com as facilidades no Sul, me perguntou em tom de cobrança: como é que vocês conseguem viver assim? De onde vocês bebem água?” – apontei para a pia da cozinha e respondi: “Da moringa”.

A partir daquele momento, João passou a convencer Francisco e outros dois primos a tentarem a vida no Rio. E deu certo. Meses depois, João acolhia os três em sua casa, em Bonsucesso. Francisco trabalhou pesado na construção do shopping Via Parque e retornou ao Maranhão, meses depois, agora para dar coragem à esposa a acompanhá-lo, trazendo também os filhos Mateus e Pâmela, ainda crianças. Com a instalação da família na comunidade de Nova Holanda, Bonsucesso, o primeiro sonho fora alcançado.

À beira do rio Correntes, que margeia o município de Buriti Bravo, a família se reúne para um piquenique – Álbum de Família 

A riqueza de Moisés

Moisés, o terceiro filho do casal, nasceu no Rio de Janeiro. Antes de completar um mês, o menino deixou os médicos intrigados pois apresentava uma anomalia no coração: uma das artérias bombeava sangue para o pulmão, dificultando bastante a respiração do bebê. Através do SUS, Francisco conseguiu que o menino fosse operado pelos especialistas da Perinatal, na Barra. Moisés conseguiu sobreviver, mas ficou com sequelas na mão e no pé direito. Hoje, está com 12 anos, saudável. Na escola pública, onde estuda, seus coleguinhas já o chamaram de “rico”. O garoto estranhou e foi perguntar ao carpinteiro:

– Pai, meus amigos dizem que sou rico. É verdade?

Francisco usou o bom-senso e explicou:

– É verdade, sim. Temos uma casa para morar, nos alimentamos bem todos os dias e temos Deus a nos proteger.

Cena comum em Buriti: para fazer pequenas coisas há sempre um grande caminho para se percorrer – Álbum de Família

Agora, só falta um

Há pouco tempo, Francisco foi contemplado com um terreno de 70 m2 da Prefeitura de Itaguaí, próximo a Chaperó. É ali que está construindo uma casa de seis cômodos para morar com a família sem precisar pagar aluguel. É o segundo sonho que se materializa, comenta o carpinteiro que tem nome de cantor, orgulhoso, dizendo-se bastante satisfeito em trabalhar na MV, onde é tratado com respeito e dignidade.

Perguntado sobre o terceiro sonho, o carpinteiro abre um sorriso. Afirma que deseja ser cantor de música sertaneja, formando uma dupla com um primo: Luís Augusto e Fabiano (seu nome artístico). A dupla já tem vídeos gravados e publicados no Youtube, e agora está montando o repertório. Quando o povo de Buriti Bravo souber… 

 

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